O estado do tempo
influencia em muito o meu estado de espírito. O contacto com a natureza é
essencial para a minha sanidade mental. Cresci no meio da natureza e ao fim de
alguns anos a viver no centro de uma cidade (ainda que consideravelmente
pequena) percebi que era importante voltar para o meio rural, ainda que de
fácil acesso à cidade para a rotina diária (escolas, emprego, etc.). A busca
desse equilíbrio e o querer proporcionar às minhas filhas o contacto diário e
direto com a natureza, o simples prazer de poder brincar no jardim com todas as
surpresas e emoções que isso oferece, foram as principais razões para termos
optado por uma casa com jardim, no campo. Ainda foram algumas pessoas que tentaram
dissuadir-nos da nossa decisão mas até hoje e já lá vão quase quatro anos, não
nos arrependemos da nossa decisão, muito pelo contrário. Na minha procura para
um estilo de vida saudável, a par com os hábitos alimentares, esta decisão foi a
mais importante, não só para mim mas para toda a família. Claro que implicou uma
série de ajustes no nosso modo de vida (desde o conviver com espécies animais
que fugiria, há uns anos, a sete pés e que nos obrigou a colocar redes
mosquiteiras para não termos visitas indesejadas dentro de casa, a ter de
comprar um gerador devido aos cortes de energia mal o vento começa a soprar,
até aos imprevistos causados pela fossa sética que até vivermos cá nem sabia muito
bem o que isso era) mas tudo o resto, nomeadamente os rituais que as mudanças
de estações nos proporciona, compensa os ajustes que foram (e vão sendo)
necessários (isso dará outro post).
Este Inverno tem
sido complicado (já o ano passado foi), meses de chuva e dias sombrios
refletem-se no meu estado de espírito e o não poder estar no jardim a tratar ou
a contemplar as flores, a horta ou simplesmente esticar-me à sombra do Chorão
começa a ter efeitos no meu humor (penso que no humor de todos). Já nem sei com
que cara digo às miúdas “Não se corre dentro de casa!”, porque sei que não
podendo esticar as pernas no jardim, elas têm de extravasar as energias dentro
de casa. Digamos que começo a ter uma visão distorcida da vida: a aumentar a
magnitude dos problemas do quotidiano e a não ver as coisas boas que tenho (e
sei que são muitas).
E hoje, para não
variar, foi mais um dia de chuva, de rajadas de vento repentinas que nos fazem
ter medo de sair à rua. No entanto, foi também foi um dia de súbitas abertas em que o
sol lembrava, de repente, que qualquer dia vem para ficar dando-nos dias de
prazer, nos quais sentimos que vale mesmo a pena viver. Foi numa dessas abertas
que eu dei uma escapadela ao jardim para respirar fundo e perceber que contra
todas as probabilidades já há indícios de primavera, que a vida continua e
segue o seu ciclo normal.
As hortênsias (ou
novelos como chamam na Madeira) já estão a rebentar com a nova folhagem.
.
E no Chorão, árvore que marca a identidade da nossa casa, já estão a aparecer as folhas que na primavera e no verão nos dão uma sombra deliciosa.
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