Eu sou uma pessoa que gosta de marisco. Qualquer tipo de marisco (pelo menos
aqueles que eu conheço). E gosto muito de marisco não só pelo sabor (que, por
norma, é arrebatador) mas também porque transporta-me para momentos fabulosos:
dias quentes de verão, som da rebentação das ondas e se tivermos mesmo sorte um
pôr-do-sol flamejante na linha do horizonte. Ou simplesmente sentar-me à beira
mar para comer umas lapas grelhadas...
Este sábado fomos à peixaria do mercado municipal e é habitual trazermos
um saco de berbigão para fazer um arroz para o almoço. No entanto, desta vez
não houve berbigão mas tinha a boa da ameijoa, trazida diretamente da ria de
Aveiro.
Quando cozinharem ameijoas não se esqueçam de as lavar bem em água fria e
deixá-las em água e sal aproximadamente por 45 minutos para soltar a areia.
No mercado biológico comprei um belo pé de funcho que
para além de ter dado o nome à minha cidade, ao manuseá-lo apetece-me sempre trincar
sem qualquer pudor. O cheiro é-me tão familiar que me transporta logo para um
sabor de infância: os famosos rebuçados de funcho madeirenses.
Esta planta mediterrânica é composta por bolbo, caule, folhas e sementes, tudo
comestível. O seu caule para além de ser muito saboroso e aromático, a
lembrar licor de anis, é também muito saudável: rico em vitamina C (20% da sua
composição) possui propriedades anti-inflamatórias, antiespasmódico, diurético,
antibiótico e expectorante. Lembro-me que em pequena quando tinha a garganta
inflamada a minha mãe recomendava um rebuçado de funcho e eu... não me
importava nadinha! Hoje a minha filha mais velha diz-me: “mamã tenho a garganta
a doer, posso comer um rebuçadinho?”
Como tinha estes dois ingredientes, lembrei-me que poderia ser uma boa
combinação. O funcho é ótimo para temperar peixe e por isso achei que também
combinaria com as ameijoas. Não me enganei: deu um sabor muito
fresco ao arroz. Utilizei o bolbo picado no momento do refogado e as folhas enquanto
erva aromática no final da cozedura. Combinado com as especiarias garam
masala, curcuma e gengibre que fiz questão de torrar no momento do refogado,
resultou mesmo muito bem.
O arroz que utilizei, como é habitual nos meus cozinhados, foi arroz integral e biológico. Como tenho duas crianças pequenas preferi, pacientemente, tirar as conchas após a cozedura das ameijoas e antes de deitá-las no arroz.
Adoro fazer combinações de ingredientes e
temperos inesperados e descobrir que resultam bem. Experimentem!
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