Já aqui coloquei
vários post's de pratos em que utilizo o arroz integral biológico. Porque é, de
facto, um produto alimentar que uso muito, quase diariamente. Aliás, embora
tenha sempre algum arroz branco de reserva para alguma urgência, já há largos
meses que não o uso. Já faz parte da minha rotina utilizar o arroz integral e planeio
as minhas refeições considerando o tempo necessário à sua cozedura.
Embora já tenha
mostrado vários pratos em que utilizei o arroz integral,
ainda não me demorei um pouco mais sobre o porquê desta minha escolha:
O arroz integral é um arroz que não foi sujeito ao
processo de descasque e branqueamento e por isso com mais benefícios à saúde: é uma boa
fonte de vitaminas B, importantes para o cérebro e sistema nervoso. Como
minerais principais possui cálcio, magnésio, fósforo e potássio. Na alimentação
macrobiótica é considerado fundamental porque contribui para o bem-estar de
todo o corpo.
Reparem que o processo de branqueamento ou
refinamento não é mais do que o descasque do grão de arroz: isto quer dizer que
estão a tirar uma boa parte do produto e com ela nutrientes importantes apenas
para facilitar a sua cozedura, embalagem ou até aspeto. Faz sentido o
consumidor pagar por um processo que apenas retira qualidade nutricional ao
produto? Na minha opinião não faz sentido nenhum... E por isso opto por
utilizar o arroz integral e biológico (para garantir que não possui químicos
nocivos).
As pessoas têm a ideia de que se trata de um arroz sem
sabor. Discordo totalmente, até porque o processo de refinamento nunca poderia conferir
sabor, muito pelo contrário. A questão é que o arroz tem algumas
particularidades na sua confeção que são importantes para o sucesso das receitas:
- O arroz integral precisa de mais tempo de cozedura: entre 45 minutos a 1 hora (dependendo do gosto da sua consistência mas atenção: para que o arroz seja bem assimilado pelo nosso organismo, é necessário que seja bem cozinhado);
- Para facilitar a sua cozedura o arroz deve ser demolhado pelo menos 4 horas: isto fará com que fique mais cremoso, essencial para pratos em que se pretende o arroz malandro ou mesmo risotto;
- O arroz integral não deve ser refogado: o refogado serve para selar os grãos, ou seja, evitar que o amido saia e fique numa papa. Mas como o arroz integral possui a película protetora não é necessário refogá-lo, muito pelo contrário, dificulta a sua cozedura.
Quanto ao facto de ser mais caro a estratégia que utilizo
é comprar um saco de 5 kg de cada vez...
Ontem para o jantar fiz um
risotto de peixe, com os aproveitamentos de uma caldeirada de cavala que fizera
no dia anterior (ah, pois é! Que cá em casa não se deita nada fora).
Como fiz:
As batatas que
ficaram da caldeirada utilizei na sopa de legumes. Depois desfiei as postas de
cavala, que ficaram, para retirar as espinhas e reservei. Coei o caldo da
caldeirada para ter a certeza que não tinha espinhas e deixei-o ferver. Numa
panela à parte com azeite, coloquei meia cebola picada, um dente de alho, 8
azeitonas sem caroço (eu compro azeitonas biológicas com caroço e retiro-o
manualmente, é só pressionar a azeitona com o polegar contra a tábua e ele sai
muito facilmente) e deixei refogar. Depois deitei o peixe desfiado, meio copo
de vinho branco biológico e deixei ferver para evaporar o álcool. Acrescentei 2
conchas do caldo a ferver, uma caneca e meia de arroz integral biológico,
depois de demolhado (se preferirem para o risotto podem também optar pelo arroz
semi-integral) e mexi um pouco, quando o caldo começou a diminuir juntei mais
uma concha, voltei a mexer e por aí fora até o arroz ficar com a consistência
desejada e cremoso. Normalmente a proporção é de 3 medidas de água para 1 de
arroz. Mas como desta vez aproveitei o caldo da caldeirada que fui deitando aos
poucos e mexendo, não medi a quantidade e fui provando o arroz até este ficar como
pretendia.
Adicionei a manteiga
(meia colher de sopa, aprox.) e queijo parmesão ralado a gosto. Mexi tudo muito bem e
servi logo (o risotto deve ser servido na hora).
Termino
com uma citação do livro de receitas macrobióticas Cozinhar com a Natália de Natália Rodrigues, que consultei para
a realização deste post e que diz, em poucas palavras, o que me levou à mudança
dos hábitos alimentares: "Não arranje desculpas como a alegada falta de
tempo, pois um dia se adoecermos, percebemos que, deitados numa cama temos tempo
para tudo e com sofrimento recordaremos, principalmente, aquilo que não podemos
fazer. Por isso, não espere por esse dia para começar. Comece, agora, para não
acabar assim.”
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