segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Visita à Quinta do Pomar

 
A agricultura biológica anda muitas vezes de mão dada com a agricultura familiar. São pessoas e famílias que a dada altura romperam com um estilo de vida afastado das suas raízes e da natureza e remando contra uma forte corrente (é sempre difícil ser-se diferente), abraçam um modo de vida que lhes faz mais sentido. Já aqui vos mostrei o caso da Quinta da Ribeira, agora mostro-vos também uma outra quinta biológica, a Quinta do Pomar, que visitei no passado verão, na ilha da Madeira.
Conheci-os no mercado biológico do Funchal e fiquei curiosa em conhecer a quinta. Tal como outras quintas biológicas que comercializam os seus produtos, é possível visitar o espaço e ver o trabalho de perto. Convidam-nos com orgulho a metermos os pés nas suas terras e a conhecermos o fruto do seu trabalho:
Ao chegarmos à quinta, situada num ponto alto dos limites do Funchal, percebemos de imediato que tudo o que vem dali está muito longe da produção massiva e convencional. A casa confunde-se com o plantio em socalcos, tão típicos na agricultura da ilha, condicionada pela sua geografia montanhosa e encostas abruptas. O verde impera nestas paragens, respiramos ar fresco e puro enquanto se vislumbra lá em baixo, ao longe, a cidade do Funchal e o mar azul. Mar e serra: um encontro tão típico nestas paragens e que certamente definem a especificidade dos produtos que daqui são colhidos. 
À chegada fomos recebidas com um sorriso nos lábios e uma amostra dos produtos apanhados de fresco. Claro que, mais uma vez, os produtos falavam por si: cores vivas, aromas que se sentem e formas singulares moldadas pelo tempo e pela terra. 























Aqui, como noutros exemplos que já vos falei, podemos observar como tudo se relaciona e transforma, nada é desperdiçado. A compostagem é primordial: é com ela que se fertiliza o solo que depois dá nova vida. O que não é vendável é aproveitado para alimentar os animais: galinhas, coelhos, cabras e até porco preto, que fomos encontrando pela quinta. 

As crianças do casal que explora a quinta correm e brincam livremente por todo o espaço: o quintal é o seu parque de diversões e alguns dos animais os seus companheiros de brincadeiras mas também ajudam na colheita de frutos e legumes, porque aqui há sempre o que fazer.



Quando penso com alguma apreensão no futuro do planeta, das novas gerações e consequentemente no futuro das  minhas filhas e de cada vez que conheço alternativas de vida, como esta que descrevo, não tenho dúvidas que este é o caminho: pelos trilhos dos saberes passados e o regresso à terra.