Voltamos ao mau tempo. O céu voltou a fechar-se e a chuva a cair. Como já
confessei anteriormente, este tempo provoca-me uma melancolia que longe de ser
saudável obriga-me a procurar estratégias para enganar a minha mente e fingir
que ela não está lá. E uma dessas estratégias é aproveitar as abertas e cuidar
do jardim e horta. As plantas têm essa capacidade: ensina-nos que
independentemente dos nossos problemas (ou o que poderão parecer problemas), a
vida tem de continuar e se adiarmos o que temos a fazer (neste caso as
sementeiras, o plantio), não colheremos mais tarde os frutos.
Não sou grande jardineira e muito menos agricultora: se conhecer os segredos
da cozinha exige tempo e dedicação, muito mais exige conhecer a terra e a arte
de saber cultivar e cuidar de um jardim ou de uma horta. Não é uma tarefa fácil
e há muitos factores em jogo: o estado do tempo, as épocas do ano, o tipo e
qualidade do solo e muito mais. Mas é sem dúvida gratificante quando
"colhemos os frutos" do nosso trabalho, para não falar do dinheiro que se poupa... Desde
que tenho um jardim e uma horta aprendi muito mas ainda estou muito longe de
achar que percebo sobre o assunto.
No sábado comprei umas sementes de courgette no mercado biológico. É um
legume do qual gosto muito: cozinho-o de várias maneiras e até aprendi a comê-las
cruas como expliquei na receita anterior. As instruções da vendedora foram
simples: uma semente por buraco e um metro de distância entre cada semente. A
chuva só deu tréguas hoje e por isso pus as mãos na terra:
Como amadora que sou, já perdi um pouco a noção dos legumes
que semeei este ano. Conto com a destreza das plantas para, se todas
nascerem, reclamarem o seu espaço e organizarem-se de forma a encherem-me o ego
e começar a acreditar que até dou para isto...Devo confessar que tenho uma
certa inclinação para hortas familiares que na primavera parecem algo caóticas
mas que ainda assim mais bonitas do que as hortas "profissionais" em que os regos são meticulosamente calculados. E espero que a minha tenha esse
aspeto: desorganizado, algo selvagem, na primavera e verão (esse é o meu desejo
secreto quando me ponho a semear e a plantar sem perceber muito do que estou a
fazer).
E porque a chuva deu tréguas e o sol apareceu, ainda que
envergonhado, não resisti em fotografar outras plantas que tenho nesta parte do
jardim, que tento dar um ar algo mediterrânico e que eu gosto particularmente
por ser onde fazemos as refeições ao ar livre.
Apesar de não ser uma espécie mediterrânica, o ácer é
"Senhor" desta parte do jardim. Já cá estava quando chegámos e por isso faço questão que continue. Adoro
a mudança de tonalidades que sofre ao longo do ano:
Este ano estou confiante nas roseiras: estão cheias de
botões. Para além de terem sido podadas por mãos sábias e hábeis (não as
minhas, note-se bem), a chuva em abundância (e com ela o azoto) deste inverno já
mostra os seus resultados no jardim:
Na páscoa conto ter orquídeas
abertas para enfeitar a minha mesa, como dita a boa tradição madeirense:
E como não poderia deixar de ser, as ervas aromáticas que estão plantadas não só na horta, mas também em vasos, como é o caso...
... da alfazema
...e do alecrim.
Como disse antes, não sou jardineira nem agricultora. Mas não tenho dúvidas que este contacto com a terra e com as plantas apaziguam certos demónios que tendem a aparecer de quando em quando. É gratificante deitar na panela o que foi plantado e colhido pelas nossas mãos porque como diz o ditado "tristezas não pagam dívidas".
As curgetes depois quando começarem a dar, já nem sabemos o que lhes fazer! :) No ano passado o meu pai tb semeou das redondas, eram deliciosas. E assim podemos tb aproveitar as flores, que são sempre tão caras e difíceis de encontrar à venda. Adoro flores de curgete. :)
ResponderEliminarUm beijinho
Olá Susana,
EliminarEspero que isso aconteça: é bom sinal! Depois coloco das fotos do que vier :). Ontem quando semeei pensei nisso mesmo: experimentar fritar as flores depois de as passar em polme. Ando para experimentar há imenso tempo. Obrigada pelo teu comentário e beijinhos