Ontem foi dia de mercado biológico: o tempo bom
voltou e o com sol apetece mesmo fazer as compras num espaço aberto e sem
pressas. A conversa flui de forma mais calma mas alegre e os produtos começam a
ser novamente mais variados e coloridos.
No meu saco de compras reutilizável trouxe dois
produtos que gostava de partilhar convosco: a pastinaca e os espinafres. Se a
pastinaca não é assim tão conhecida do público em geral (pelo menos para mim
não era) os espinafres não têm qualquer segredo (ou pelo menos não deveriam
ter). No entanto, ontem trouxe uma qualidade que nunca tinha usado, ou melhor,
ontem pela primeira vez comprei o verdadeiro espinafre, spinacia oleracea.
Pois é: descobri que o que tenho andado a comer toda a minha vida (e até
cultivado na minha horta) não são verdadeiros espinafres mas sim tetragonia, tetragonia
tetragonioides, mais conhecidos
como espinafres-da-nova-zelândia. Nem são da mesma família: a
tetragonia pertence à família das Aizoaceae e o espinafre
(verdadeiro) pertence à familia das Amaranthaceae. A vendedora que
mos vendeu explicou-me tudo isto com a sua paciência (já habitual), inclusivamente disse-me que a sua produção é mais difícil e por isso menos
conhecida, ao contrário da tetragónia que é muito mais fácil de cultivar. Ambas
as espécies são produtos saudáveis, ricos em vitamina A (proteção da pele e
mucosas), vitaminas no grupo B, vitamina C e clorofila (quimicamente parecida à
hemoglobina do sangue). Pelo menos o espinafre verdadeiro é rico em luteína um
carotenóide importante na prevenção de cancro do cólon, um dos mais comuns em
Portugal. No que diz respeito ao espinafre-da-nova-zelândias não encontrei
qualquer informação a este respeito na minha pesquisa. Se souberem digam-me. Não
devem ser consumidos com alimentos ricos em cálcio mas a sua proteína deve ser
complementada com a proteína do arroz ou de outros cereais (já sabem, de preferência integrais) porque contêm níveis
altos de oxalato (sal do ácido oxálico) que ao ligar-se ao ferro forma oxalato
ferroso, que não é decomposto nem absorvido pelo metabolismo e interfere na
absorção de minerais, nomeadamente o ferro e o cálcio. Para uma melhor
absorção do ferro não-heme (tipo de ferro presente nos alimentos de
origem vegetal mas que a sua absorção depende da presença de outros alimentos
na mesma refeição) o consumo de espinafres deve ser em simultâneo com alimentos
ricos em vitamina C.
A vendedora explicou-me também que estes
espinafres podem ser consumidos crus ou quando cozinhados deverá ser por pouco
tempo. Basta tirar as raízes, porque os talos (bem mais macios do que os talos
dos espinafres-da nova-zelândia) também são agradáveis.
Desejosa por
experimentá-los fiz para o jantar um risotto de cogumelos (também comprados no
mercado) e no final de já o ter tirado do fogão misturei as folhas e talos (depois
de muito bem lavados, claro) grosseiramente cortados no risotto, para cozerem apenas com o calor residual. Resultou muito bem: têm um sabor e textura
suaves, combinaram muito bem com os restantes ingredientes e deram uma cor
verde bonita ao prato (desta vez não houve condições para tirar
fotos para vos mostrar, vicissitudes de uma família com duas crianças
pequenas). Desculpem a qualidade da foto, mas foi uma selfie tirada à pressa enquanto fazia o jantar, antes que as miúdas terminassem o banho para depois jantarem, ainda assim penso que dá para perceber a diferença entre o espinafre verdadeiro e a tetragónia que todos conhecemos...
O segundo produto que gostaria de partilhar é a
pastinaca: uma raiz muito parecida com a cenoura mas branca (também é conhecida
como cenoura branca). Eu ainda não experimentei mas segundo a pesquisa que fiz
o sabor é entre a cenoura e o nabo (porém mais adocicado), avelã e a noz (será?
depois digo-vos). A vendedora disse-me que pode ser usada nas sopas mas que
adora assada, avisou-me também de que precisa de mais tempo de cozedura do que
a batata.
Em termos nutricionais possui vitaminas C, B1 e
B3, é rica em potássio, cálcio, fósforo, ferro e fibras. Possui propriedades
tónicas, diuréticas, desintoxicantes e anti-reumáticas. Facilita, ainda, a
digestão, acalma a tosse e é afrodisíaca...
A pastinaca está linda!
ResponderEliminarEu também achei: estava mesmo a pedir que a trouxesse...
EliminarObrigada pelo seu comentário
Olá Gea,
ResponderEliminarNunca comi pistanga, também está na minha lista para experimentar.
Gostei muito das fotos.
Bjs
Olá Lenita,
EliminarExperimente, vai gostar de certeza: entretanto depois de ter publicado o post cortei às rodelas e assei-a como referi e de facto ficámos surpreendidos com o seu sabor: fica entre a batata normal e a batata-doce. E muito estaladiça! Depois diga-me o que achou, ok? ;) Obrigada pelo seu comentário