quarta-feira, 9 de abril de 2014

Dia de mercado biológico: pastinaca e espinafres...dos verdadeiros



Ontem foi dia de mercado biológico: o tempo bom voltou e o com sol apetece mesmo fazer as compras num espaço aberto e sem pressas. A conversa flui de forma mais calma mas alegre e os produtos começam a ser novamente mais variados e coloridos.
No meu saco de compras reutilizável trouxe dois produtos que gostava de partilhar convosco: a pastinaca e os espinafres. Se a pastinaca não é assim tão conhecida do público em geral (pelo menos para mim não era) os espinafres não têm qualquer segredo (ou pelo menos não deveriam ter). No entanto, ontem trouxe uma qualidade que nunca tinha usado, ou melhor, ontem pela primeira vez comprei o verdadeiro espinafre, spinacia oleracea. Pois é: descobri que o que tenho andado a comer toda a minha vida (e até cultivado na minha horta) não são verdadeiros espinafres mas sim tetragonia, tetragonia tetragonioides, mais conhecidos como espinafres-da-nova-zelândia. Nem são da mesma família: a tetragonia pertence à família das Aizoaceae e o espinafre (verdadeiro) pertence à familia das Amaranthaceae. A vendedora que mos vendeu explicou-me tudo isto com a sua paciência (já habitual), inclusivamente disse-me que a sua produção é mais difícil e por isso menos conhecida, ao contrário da tetragónia que é muito mais fácil de cultivar. Ambas as espécies são produtos saudáveis, ricos em vitamina A (proteção da pele e mucosas), vitaminas no grupo B, vitamina C e clorofila (quimicamente parecida à hemoglobina do sangue). Pelo menos o espinafre verdadeiro é rico em luteína um carotenóide importante na prevenção de cancro do cólon, um dos mais comuns em Portugal. No que diz respeito ao espinafre-da-nova-zelândias não encontrei qualquer informação a este respeito na minha pesquisa. Se souberem digam-me. Não devem ser consumidos com alimentos ricos em cálcio mas a sua proteína deve ser complementada com a proteína do arroz ou de outros cereais (já sabem, de preferência integrais) porque contêm níveis altos de oxalato (sal do ácido oxálico) que ao ligar-se ao ferro forma oxalato ferroso, que não é decomposto nem absorvido pelo metabolismo e interfere na absorção de minerais, nomeadamente o ferro e o cálcio. Para uma melhor absorção  do ferro não-heme (tipo de ferro presente nos alimentos de origem vegetal mas que a sua absorção depende da presença de outros alimentos na mesma refeição) o consumo de espinafres deve ser em simultâneo com alimentos ricos em vitamina C. 
A vendedora explicou-me também que estes espinafres podem ser consumidos crus ou quando cozinhados deverá ser por pouco tempo. Basta tirar as raízes, porque os talos (bem mais macios do que os talos dos espinafres-da nova-zelândia) também são agradáveis. 
Desejosa por experimentá-los fiz para o jantar um risotto de cogumelos (também comprados no mercado) e no final de já o ter tirado do fogão misturei as folhas e talos (depois de muito bem lavados, claro) grosseiramente cortados no risotto, para cozerem apenas com o calor residual. Resultou muito bem: têm um sabor e textura suaves, combinaram muito bem com os restantes ingredientes e deram uma cor verde bonita ao prato (desta vez não houve condições para tirar fotos para vos mostrar, vicissitudes de uma família com duas crianças pequenas). Desculpem a qualidade da foto, mas foi uma selfie tirada à pressa enquanto fazia o jantar, antes que as miúdas terminassem o banho para depois jantarem, ainda assim penso que dá para perceber a diferença entre o espinafre verdadeiro e a tetragónia que todos conhecemos...
 
O segundo produto que gostaria de partilhar é a pastinaca: uma raiz muito parecida com a cenoura mas branca (também é conhecida como cenoura branca). Eu ainda não experimentei mas segundo a pesquisa que fiz o sabor é entre a cenoura e o nabo (porém mais adocicado), avelã e a noz (será? depois digo-vos). A vendedora disse-me que pode ser usada nas sopas mas que adora assada, avisou-me também de que precisa de mais tempo de cozedura do que a batata.
Em termos nutricionais possui vitaminas C, B1 e B3, é rica em potássio, cálcio, fósforo, ferro e fibras. Possui propriedades tónicas, diuréticas, desintoxicantes e anti-reumáticas. Facilita, ainda, a digestão, acalma a tosse e é afrodisíaca...



4 comentários:

  1. A pastinaca está linda!

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    1. Eu também achei: estava mesmo a pedir que a trouxesse...
      Obrigada pelo seu comentário

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  2. Olá Gea,
    Nunca comi pistanga, também está na minha lista para experimentar.
    Gostei muito das fotos.
    Bjs

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    1. Olá Lenita,
      Experimente, vai gostar de certeza: entretanto depois de ter publicado o post cortei às rodelas e assei-a como referi e de facto ficámos surpreendidos com o seu sabor: fica entre a batata normal e a batata-doce. E muito estaladiça! Depois diga-me o que achou, ok? ;) Obrigada pelo seu comentário

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