Eu adoro comida italiana. Costumo dizer, por brincadeira, que noutra vida
devo ter sido italiana. As minhas filhas também porque se há comida que elas
comem sem qualquer stress ou birra é essa.
Lembro-me que até ter entrado na faculdade não apreciava muito comer massa,
à exceção de um ou outro macarrão muito bem temperado ou esparguete com
salsichas que eu e a minha irmã inventámos e que comíamos muitas vezes (atualmente já não consumo salsichas). De resto, nunca fui grande
apreciadora da massa feita à boa maneira portuguesa, a colar-se aos tetos: neste ponto eu e a minha mãe continuamos a discordar porque ela insiste em cozinhar o esparguete até atingir o ponto cola às superfícies da casa.
Nos tempos da faculdade conheci uma grande amiga que entretanto fez Erasmus em
Florença e ao regressar ensinou-me a fazer massa à italiana. Desde então
tornei-me adepta e tenho vindo a melhorar, em resultado de outras referências
importantes, os meus molhos para acompanhar as massas.
A minha aventura pela culinária italiana teve um revés quando descobrimos
que a minha filha mais velha é alérgica ao glúten e porque considero que comer
em família é fundamental e nunca fui apologista em fazer pratos diferentes para
as crianças, mesmo que haja um problema de saúde, durante muito tempo e com
muita pena minha, deixei de cozinhar massas.
Entretanto, descobri uma marca de farinhas, massas e pão, própria para
celíacos e voltámos às massas cá em casa com grande adesão das crianças. Foi
nessa altura que vi no 24kitchen o Jamie Oliver (sim, é verdade, também eu sucumbi
aos encantos do cozinheiro britânico - bloody english!) a fazer tagliatelle
fresco num abrir e fechar de olhos e não descansei enquanto não experimentei:
comprei uma máquina de fazer massa fresca e toca a experimentar:
As primeiras vezes não saíram perfeitas porque tive de ir adaptando a
receita à farinha sem glúten até encontrar a textura perfeita mas depressa
percebi que era de facto algo muito simples de fazer e um regalo para toda a
família: o sabor e a textura aveludada não tem comparação quando comparada com
as massas compradas.
No entanto, como já referi aqui no post do pão e das panquecas, comecei a preocupar-me com
a qualidade da farinha que uso (que não é biológica) e se é verdade que tenho
sido bem sucedida no que diz respeito à adaptação das receitas para farinhas
integrais (de milho e arroz) para a confeção do pão e das panquecas, também é
verdade que ainda não fui capaz de as experimentar no que toca à receita de
massa fresca. Espero, no entanto, fazê-lo muito em breve porque quero mesmo deixar de
comprar farinhas que não sejam de proveniência biológica.
De qualquer forma, recentemente ofereceram-me uma máquina de fazer massa
fresca, vinda de Itália. A diferença desta para a que eu já tinha é que permite
não só trabalhar a massa para fazer lasanha, esparguete e tagliatelle, mas
também vários tipos de macarrão como o rigatoni, penne, etc. E ontem decidi
experimentar pela primeira vez: fiz rigatoni com cogumelos frescos, brócolos e
creme de arroz tudo de proveniência biológica (uso o creme de arroz em
substituição das natas que não encontro biológicas), no final misturei uma
raspa e algumas gostas de limão que fizeram toda a diferença. Aqui está a
reportagem fotográfica (eu sei que a qualidade das fotos não é a melhor, mas
com as miúdas a terminar o banho e com o stress de não atrasar muito o jantar
foi o melhor que consegui):
Primeiro fazemos a massa (a cor amarela deve-se aos ovos biológicos que utilizei):
Depois, enquanto a massa repousava no alguidar, preparei a máquina e todos os utensílios necessários:
Coloquei a massa toda no copo da máquina e dei à manivela:
O comentário do marido foi: "Está bom...". E eu que já o conheço retorqui: "mas?", "mas alguns estão muito al dente, coziam um pouco mais". Aceitei a crítica até porque ele tinha razão. Para a próxima será melhor, de resto de sabor estava ótimo e mais uma vez os cogumelos e os brócolos frescos não me dececionaram:
Quanto à nova máquina acho que desperdiça muita massa: enquanto que na máquina antiga o desperdício é quase nulo, nesta fica muita massa retida nas engrenagens. Para além disso, não é tão maleável como a outra o que leva mais tempo e precisa de uma segunda pessoa para agarrá-la enquanto damos à manivela.
Bem, o que é certo é que, como já é habitual quando faço massa fresca, não ficou nada para o dia seguinte: todos repetiram, inclusivamente as miúdas e até no prato delas não ficaram cogumelos, ou brócolos para contarem história. É sempre uma boa alternativa para as crianças comerem legumes frescos e a saberem que os estão a comer.
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