sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Massa fresca

Eu adoro comida italiana. Costumo dizer, por brincadeira, que noutra vida devo ter sido italiana. As minhas filhas também porque se há comida que elas comem sem qualquer stress ou birra é essa.
Lembro-me que até ter entrado na faculdade não apreciava muito comer massa, à exceção de um ou outro macarrão muito bem temperado ou esparguete com salsichas que eu e a minha irmã inventámos e que comíamos muitas vezes (atualmente já não consumo salsichas). De resto, nunca fui grande apreciadora da massa feita à boa maneira portuguesa, a colar-se aos tetos: neste ponto eu e a minha mãe continuamos a discordar porque ela insiste em cozinhar o esparguete até atingir o ponto cola às superfícies da casa.
Nos tempos da faculdade conheci uma grande amiga que entretanto fez Erasmus em Florença e ao regressar ensinou-me a fazer massa à italiana. Desde então tornei-me adepta e tenho vindo a melhorar, em resultado de outras referências importantes, os meus molhos para acompanhar as massas.
A minha aventura pela culinária italiana teve um revés quando descobrimos que a minha filha mais velha é alérgica ao glúten e porque considero que comer em família é fundamental e nunca fui apologista em fazer pratos diferentes para as crianças, mesmo que haja um problema de saúde, durante muito tempo e com muita pena minha, deixei de cozinhar massas.
Entretanto, descobri uma marca de farinhas, massas e pão, própria para celíacos e voltámos às massas cá em casa com grande adesão das crianças. Foi nessa altura que vi no 24kitchen o Jamie Oliver (sim, é verdade, também eu sucumbi aos encantos do cozinheiro britânico - bloody english!) a fazer tagliatelle fresco num abrir e fechar de olhos e não descansei enquanto não experimentei: comprei uma máquina de fazer massa fresca e toca a experimentar:


As primeiras vezes não saíram perfeitas porque tive de ir adaptando a receita à farinha sem glúten até encontrar a textura perfeita mas depressa percebi que era de facto algo muito simples de fazer e um regalo para toda a família: o sabor e a textura aveludada não tem comparação quando comparada com as massas compradas.
No entanto, como já referi aqui no post do pão e das panquecas, comecei a preocupar-me com a qualidade da farinha que uso (que não é biológica) e se é verdade que tenho sido bem sucedida no que diz respeito à adaptação das receitas para farinhas integrais (de milho e arroz) para a confeção do pão e das panquecas, também é verdade que ainda não fui capaz de as experimentar no que toca à receita de massa fresca. Espero, no entanto, fazê-lo muito em breve porque quero mesmo deixar de comprar farinhas que não sejam de proveniência biológica.
De qualquer forma, recentemente ofereceram-me uma máquina de fazer massa fresca, vinda de Itália. A diferença desta para a que eu já tinha é que permite não só trabalhar a massa para fazer lasanha, esparguete e tagliatelle, mas também vários tipos de macarrão como o rigatoni, penne, etc. E ontem decidi experimentar pela primeira vez: fiz rigatoni com cogumelos frescos, brócolos e creme de arroz  tudo de proveniência biológica (uso o creme de arroz em substituição das natas que não encontro biológicas), no final misturei uma raspa e algumas gostas de limão que fizeram toda a diferença. Aqui está a reportagem fotográfica (eu sei que a qualidade das fotos não é a melhor, mas com as miúdas a terminar o banho e com o stress de não atrasar muito o jantar foi o melhor que consegui):

Primeiro fazemos a massa (a cor amarela deve-se aos ovos biológicos que utilizei):

 Depois, enquanto a massa repousava no alguidar, preparei a máquina e todos os utensílios necessários:


Coloquei a massa toda no copo da máquina e dei à manivela:



 Depois de cozer a massa em água a ferver, temperada com sal, misturei com o molho de cogumelos e brócolos que já havia feito anteriormente (é sempre a primeira coisa quando faço massa fresca) e ralei, no momento, queijo parmesão. Sim, eu sei que ficaram a faltar os orégãos, ou manjericão por cima, mas não tinha secos e estava muito frio para ir lá fora à horta apanhá-los (os orégãos pelo menos, porque não há manjerição que resista a este frio).


O comentário do marido foi: "Está bom...". E eu que já o conheço retorqui: "mas?", "mas alguns estão muito al dente, coziam um pouco mais". Aceitei a crítica até porque ele tinha razão. Para a próxima será melhor, de resto de sabor estava ótimo e mais uma vez os cogumelos e os brócolos frescos não me dececionaram:


Quanto à nova máquina acho que desperdiça muita massa: enquanto que na máquina antiga o desperdício é quase nulo, nesta fica muita massa retida nas engrenagens. Para além disso, não é tão maleável como a outra o que leva mais tempo e precisa de uma segunda pessoa para agarrá-la enquanto damos à manivela.
Bem, o que é certo é que, como já é habitual quando faço massa fresca, não ficou nada para o dia seguinte: todos repetiram, inclusivamente as miúdas e até no prato delas não ficaram cogumelos, ou brócolos para contarem história. É sempre uma boa alternativa para as crianças comerem legumes frescos e a saberem que os estão a comer.

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