domingo, 26 de janeiro de 2014

E aos domingos? Um pequeno-almoço diferente


Desde miúda que os meus pais habituaram-nos, a mim e à minha irmã, a tomarmos sempre o pequeno-almoço. Se durante a semana o pequeno-almoço era o típico pão com manteiga e uma caneca de café (de cevada) com leite, aos domingos habitualmente eram ovos mexidos com cebola, salsa e fiambre que comíamos dentro do pão, acompanhado pela caneca de café com leite. Lembro-me que este terá sido o primeiro prato que aprendi a fazer sozinha e imaginava que estava num programa de culinária da Filipa Vacondeus, no qual explicava todos os passos (que não eram muitos, claro) enquanto confecionava os ditos ovos. 
O que é certo é que com o crescimento também passei por uma fase em que desprezei a importância do pequeno-almoço que os meus pais haviam incutido. Quando passei a ter horários diferentes  e porque não estava para ter esse trabalho raramente tomava o pequeno almoço. Já na faculdade e a morar sozinha, muitas vezes a primeira refeição do dia era o almoço, ficando mesmo a manhã toda nas aulas em jejum.  Quando saía à noite já acordava tão tarde que só almoçava. Enfim, como já devem ter percebido pela leitura de outros posts, a minha adolescência foi um período muito negro para a minha alimentação mas como tudo na vida, foi uma fase que passou e felizmente aos poucos fui voltando aos princípios e ensinamentos da minha infância. Inclusivamente aprofundei a informação sobre alimentação saudável e melhorei alguns aspetos que por desconhecimento os meus pais não aplicavam.  
Quando assentei arraiais, nomeadamente depois de terminar a minha licenciatura e de ter ido viver com o meu marido, passei novamente a valorizar esta refeição e com o tempo estabeleceu-se um ritual na nossa família: panquecas ao domingo. No entanto, com o problema da alergia ao glúten da minha filha mais velha e com as crescentes preocupações em consumirmos ingredientes cada vez mais saudáveis e de produção biológica confrontei-me com algumas questões que me obrigaram a alguma pesquisa e tempo para encontrar uma receita que satisfizesse todos estes requisitos e que não comprometesse o prazer de comer umas boas panquecas. Inicialmente resolvi o problema do glúten com uma farinha (não direi aqui o nome da marca para não ferir suscetibilidades) existente no mercado, própria para pessoas celíacas à base de milho (muito parecida com a farinha maizena). De facto durante muito tempo passou a ser a farinha principal cá em casa para todo o tipo de pratos (panquecas, bolos, massa fresca para os pratos italianos, pão, etc.). No entanto, não era de agricultura biológica e para além disso queria passar a consumir os cereais na sua forma integral o que não era o caso. Percebi, então, que não podia continuar a usar essa farinha, até porque poderia estar, inclusivamente, a consumir milho geneticamente modificado. Foi então que decidi experimentar fazer panquecas com farinha de milho integral proveniente de agricultura biológica. Inicialmente estava um pouco renitente porque tinha levado imenso tempo a encontrar no mercado uma farinha sem glúten e de fácil adaptação às receitas que tradicionalmente são feitas com farinha de trigo (ainda assim levei algum tempo para aprender alguns truques para que todas as receitas saíssem bem) e estava um pouco desanimada de voltar agora à estaca zero, ter de aprender a trabalhar novamente com uma nova farinha e adaptarmo-nos novamente a um novo sabor. 
No entanto devo dizer que o resultado foi francamente positivo porque quanto ao sabor não se perdeu nada, pelo contrário, é bem melhor (eu adoro o sabor do milho e por isso não foi difícil) e quanto à maneira de confeção e à textura não sofreram grandes ou mesmo nenhumas alterações. Valeu, de facto, a pena: agora tenho a garantia de que estou a consumir milho que não é geneticamente modificado e sem químicos.
Outra preocupação era estar a dar às minhas filhas um pequeno-almoço com açúcar (algo que também tenho vindo a ter muito cuidado) e decidi experimentar fazer a massa sem qualquer açúcar. E não é que descobri que não faz falta nenhuma? O mel é mais do que suficiente para dar o toque doce de que gostamos. Também costumo adicionar raspa de laranja (quando a casca está em condições para esse efeito) e uma pitada de canela.  



Como podem ver na imagem anterior, por norma acompanhamos as panquecas com mel de abelhas que faço questão de ir comprar a um apicultor de confiança, relativamente próximo à minha casa (eu moro numa zona rural). O mel é uma maravilha e nunca cristaliza no frasco o que indica que não é adicionado açúcar como acontece com o mel que compramos nos supermercados.



No verão costumo comprar mirtilos frescos biológicos no mercado biológico e incorporo na massa das panquecas o que fica uma verdadeira explosão de sabores. No outono e inverno acompanhamos com frutos secos (amêndoas, nozes, etc.). 



E são assim os nossos pequenos-almoços de domingo: sem glúten, sem químicos e sem produtos geneticamente modificados, mas com todo o sabor e prazer em família. As miúdas adoram, o marido adora...e eu também!

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