O meu primeiro post, após a introdução, não
poderia deixar de ser sobre a agricultura biológica já que considero que esta,
até ao momento, foi a transformação mais significativa nos meus hábitos de
consumo alimentar.
Não vou descrever o que é a agricultura
biológica, até porque penso que quem vier a este blog (que é já uma verdadeira multidão) terá conhecimento
sobre este tipo de modo de produção agrícola. No entanto, deixo aqui um link para os que desconhecem poderem consultar e
informar-se: acreditem, vale a pena.
Como referi no post anterior, comecei a
interessar-me pela agricultura biológica quando comecei a introduzir os
alimentos sólidos à minha filha mais velha: já há muito que questionava a
qualidade dos alimentos frescos que encontrava nos supermercados e
hipermercados e começava a não conformar-me com a ideia de que "é impossível
controlarmos o que comemos, porque está tudo contaminado e se pensares nisso
dás em louca, ou não comes nada, bla, blá, blá...".
Inicialmente decidi que ao invés de ir aos locais
habituais (não tradicionais, reparem) para comprar os frescos, começaria a ir
aos mercados existentes perto do local da minha residência; certamente nesses mercados a qualidade dos produtos seria melhor. E não
me enganei, de facto, nos pequenos mercados e até nos mercados municipais
podemos encontrar pequenos produtores que, embora as suas culturas não estejam
certificadas enquanto modo de agricultura biológica, são produtos de qualidade
quando comparadas com os que se vendem nas grandes superfícies e é de facto uma
pena que a maioria das pessoas tenha perdido o hábito de ir ao mercado.
Ainda assim, continuei a procurar produtores que me dessem a garantia de não
recorrerem à aplicação de pesticidas nem adubos químicos de síntese, sim,
porque muitos produtores já dizem: "Leve
menina, olhe que é tudo biológico." - Quando
se percebe que nem sabem do que falam.
Foi então que me indicaram um mercado biológico
que decorria uma vez por semana num local específico (e muito agradável) relativamente próximo à minha residência. Foi a partir daí que os meus hábitos começaram a
mudar a esse nível: inicialmente limitava as minhas compras às hortícolas
porque achava os restantes ingredientes (de mercearia, por exemplo)
exageradamente caros. O contacto com os produtores que vendiam no mercado
biológico que ainda hoje frequento, ou mesmo outros clientes que passamos a
conhecer, também foram um incentivo para continuar a frequentá-lo assiduamente: tratam-se de pessoas informadas que falam com paixão sobre aquilo que
fazem, ensinam-nos imenso e em pouco tempo vi-me, também eu, a partilhar
conhecimentos adquiridos com outros consumidores e até vendedores. Ao mesmo
tempo comecei a informar-me sobre postos de venda de carne de animais criados
em regime
de produção extensiva e comecei a consumir carne bovina barrosã,
lafões, porco preto alentejano e frango do campo (mais tarde passaria a comprar
frango de agricultura biológica).
Alguns anos mais tarde, a oferta foi aumentando e os
produtos tornaram-se mais acessíveis a todos os níveis (mais fáceis de encontrar, em
quantidades e preços mais económicos, etc.) cada vez mais convencida que estava
no bom caminho e que este tipo de alimentação tinha um impacto positivo na
minha saúde e sobretudo na saúde da minha família gradualmente fui alargando a
compra de produtos oriundos de agricultura biológica. A abertura de uma
mercearia dedicada exclusivamente a produtos de agricultura
biológica e ecológicos e até a crescente oferta de alguns produtos nos
supermercados habituais foram determinantes para que eu continuasse a apostar nestes
produtos. Atualmente posso afirmar que 95% das minhas compras (alimentares,
limpeza, cosmética, etc.) são produtos certificados (agricultura biológica,
ecocert, etc.) e considero que o investimento tem sido francamente positivo. É mesmo possível escolhermos e controlarmos aquilo que comemos.
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