sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Agricultura biológica: a descoberta


O meu primeiro post, após a introdução, não poderia deixar de ser sobre a agricultura biológica já que considero que esta, até ao momento, foi a transformação mais significativa nos meus hábitos de consumo alimentar. 
Não vou descrever o que é a agricultura biológica, até porque penso que quem vier a este blog (que é já uma verdadeira multidão) terá conhecimento sobre este tipo de modo de produção agrícola. No entanto, deixo aqui um link para os que desconhecem poderem consultar e informar-se: acreditem, vale a pena.
Como referi no post anterior, comecei a interessar-me pela agricultura biológica quando comecei a introduzir os alimentos sólidos à minha filha mais velha: já há muito que questionava a qualidade dos alimentos frescos que encontrava nos supermercados e hipermercados e começava a não conformar-me com a ideia de que "é impossível controlarmos o que comemos, porque está tudo contaminado e se pensares nisso dás em louca, ou não comes nada, bla, blá, blá...".
Inicialmente decidi que ao invés de ir aos locais habituais (não tradicionais, reparem) para comprar os frescos, começaria a ir aos mercados existentes perto do local da minha residência; certamente nesses mercados a qualidade dos produtos seria melhor. E não me enganei, de facto, nos pequenos mercados e até nos mercados municipais podemos encontrar pequenos produtores que, embora as suas culturas não estejam certificadas enquanto modo de agricultura biológica, são produtos de qualidade quando comparadas com os que se vendem nas grandes superfícies e é de facto uma pena que a maioria das pessoas tenha perdido o hábito de ir ao mercado. Ainda assim, continuei a procurar produtores que me dessem a garantia de não recorrerem à aplicação de pesticidas nem adubos químicos de síntese, sim, porque muitos produtores já dizem: "Leve menina, olhe que é tudo biológico." -  Quando se percebe que nem sabem do que falam.
Foi então que me indicaram um mercado biológico que decorria uma vez por semana num local específico (e muito agradável) relativamente próximo à minha residência. Foi a partir daí que os meus hábitos começaram a mudar a esse nível: inicialmente limitava as minhas compras às hortícolas porque achava os restantes ingredientes (de mercearia, por exemplo) exageradamente caros. O contacto com os produtores que vendiam no mercado biológico que ainda hoje frequento, ou mesmo outros clientes que passamos a conhecer, também foram um incentivo para continuar a frequentá-lo assiduamente: tratam-se de pessoas informadas que falam com paixão sobre aquilo que fazem, ensinam-nos imenso e em pouco tempo vi-me, também eu, a partilhar conhecimentos adquiridos com outros consumidores e até vendedores. Ao mesmo tempo comecei a informar-me sobre postos de venda de carne de animais criados em regime de produção extensiva e comecei a consumir carne bovina barrosã, lafões, porco preto alentejano e frango do campo (mais tarde passaria a comprar frango de agricultura biológica).
Alguns anos mais tarde, a oferta foi aumentando e os produtos tornaram-se mais acessíveis a todos os níveis (mais fáceis de encontrar, em quantidades e preços mais económicos, etc.) cada vez mais convencida que estava no bom caminho e que este tipo de alimentação tinha um impacto positivo na minha saúde e sobretudo na saúde da minha família gradualmente fui alargando a compra de produtos oriundos de agricultura biológica. A abertura de uma mercearia dedicada exclusivamente a produtos de agricultura biológica e ecológicos e até a crescente oferta de alguns produtos nos supermercados habituais foram determinantes para que eu continuasse a apostar nestes produtos. Atualmente posso afirmar que 95% das minhas compras (alimentares, limpeza, cosmética, etc.) são produtos certificados (agricultura biológica, ecocert, etc.) e considero que o investimento tem sido francamente positivo. É mesmo possível escolhermos e controlarmos aquilo que comemos.

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