segunda-feira, 5 de maio de 2014

Dia da mãe: pequeno-almoço sem glúten, sem lactose e a visita à Quinta da Ribeira



Como é suposto, o dia da mãe foi passado em família. E como este dia coincide com um domingo, não podíamos deixar de começá-lo com panquecas. No entanto, desta vez optei por incluir na receita de panquecas sem glúten morangos frescos biológicos. E para acompanhar um batido ou smoothie, sem laticínios. Mas sobre isto falarei mais adiante no post.
  

Antes de mais, quero partilhar convosco a visita que fizemos a uma quinta de produção biológica. Já há algum tempo uma das agricultoras que costuma vender no mercado biológico e da qual sou cliente assídua, me havia convidado para conhecer a sua exploração. O tempo não teve para brincadeiras nos últimos meses e por isso prometi-lhe que quando melhorasse nós iríamos lá. Achei que este fim-de-semana seria o ideal e uma boa maneira de passar o dia da mãe: dar a oportunidade às minhas filhas de conhecerem pessoalmente sobre aquilo que tanto advogo cá em casa, ter a oportunidade de ver como são produzidos os produtos que costumo comprar e que, apesar de tudo, ainda não conhecia pessoalmente. Perguntámos se não seria inconveniente irmos num domingo, ao que me respondeu prontamente: "lá todos os dias são dias de trabalho".
A quinta chama-se Quinta da Ribeira e fica situada em Cioga do Campo, perto da vila de Ançã. É uma quinta de produção biológica mantida por mulheres, quatro gerações de mulheres mais precisamente: a bisavó que já ultrapassou os noventa anos, a avó que nos acompanhou o tempo todo, ambas Maria, a mãe Helena (que eu conhecia do mercado biológico) e a filha, Catarina, que enquanto via a mãe e a avó a amanharem a terra, estudava para o exame do dia seguinte. Mulheres de garra, que com um sorriso nos lábios e o orgulho a brilhar nos olhos nos receberam de braços abertos e mostraram-nos o fruto do seu trabalho.
A mãe trabalha de pé descalço na terra: "gosto de sentir a energia da terra. Acalma-me.", respondeu à minha filha mais velha que espantada perguntou-lhe porque estava descalça.

A avó Maria, apesar de lembrar que o trabalho da terra não perdoa as costas, de sorriso sempre posto e lenço preto na cabeça (que o sol queima), dobra as costas sobre a terra, sempre que necessário. Também é ela que amassa e coze no forno a lenha a broa de trigo integral que todos as 3ª feiras e sábados chega quente ao mercado biológico e que eu habituei-me a esperar. É impossível resistir àquele cheiro.





Para além de todos os benefícios que os produtos orgânicos têm, para mim, é também fundamental o facto de terem um rosto por trás, mãos calejadas que os seguram e mostram, em vez de estarem impecavelmente colocados em embalagens plastificadas. Estes produtos não precisam de cartazes, ou uma voz “mecânica” a convencer o consumidor que são frescos. Estes produtos e quem os produz falam por si.



Como qualquer quinta, os animais também estão presentes e as diferentes espécies coexistem com espaço, sol, alimento e dedicação por parte das suas cuidadoras. Aqui nada se deita fora: os desperdícios da horta servem para a alimentação dos animais e os dejetos destes servem para estrumar os campos. A realidade de gaiolas, confinamentos claustrofóbicos, e rações de engorda (para não falar de hormonas de crescimento) é totalmente desconhecida para estes animais.


 

Crianças pequenas e gatinhos uma mistura por vezes perigosa. Claro que a dada altura eu tive de ir em socorro do gatinho. Lembram-se da personagem Elmira dos Tiny Toon? Bom, foi mais ou menos isso que aconteceu...



Pelo caminho até à exploração encontrámos vestígios de tempos idos, hábitos que pensamos já não existir e mostrar às crianças que muito antes de ser "obrigatório" ter uma máquina de lavar, as mulheres reuniam-se nos lavadouros comuns para lavar a roupa suja (literalmente):



Mas não fomos lá só para ver mas também para trabalhar e pormos as mãos na terra. A nossa modesta função foi apanhar os tomateiros que nascem espontaneamente e transplantá-los para um local mais adequado ao seu crescimento:





E no final, não viemos de mãos a abanar: para além de uns tomateiros, pimentos-padron e cenouras para plantarmos na nossa própria horta, a Helena ofereceu-nos esta bonita alface:



Foi sem dúvida um dia que fez a diferença, sobretudo para a formação das minhas filhas. Um dia em que, apesar de cansados, saímos de lá com um sorriso nos lábios com os pedidos carinhosos da avó para um dia voltarmos, "sempre que quiserem"!

Agora voltando à receita prometida do pequeno-almoço, aqui ficam a indicações para as panquecas e para o smoothie. 

Ingredientes
1 copo de farinha de milho biológico;
1/3 copo de farinha de millet biológica;
1 colher de chá de fermento;
1 pitada de sal;
1 raspa de laranja;
Raspa de creme de coco biológico (no frigorífico fica duro e por isso tem de ser raspado): não medi mas sejam generosos, não tenham medo! 
1 ovo biológico;
1 copo de leite de amêndoa e arroz biológico (se quiserem podem usar leite de vaca);
3 colheres de óleo de girassol biológico prensado a frio.
Como fiz
A forma de fazer as panquecas encontram aqui. No entanto, como podem ver alguns ingredientes utilizados foram diferentes e desta vez logo após deitar a concha de massa na placa quente dispus sobre ela três a quatro rodelas de morangos:
























Para o smoothie de morango (desta vez foi o meu marido que fez):

Ingredientes
300ml de leite de amêndoa e arroz biológico;
1 chávena de morangos;
1 banana cortada aos pedaços;
1 colher de sopa de sementes de chia;
1 colher de flocos de aveia biológica e sem glúten;
1 colher de flocos de teff biológicos (um cereal comum na Etiópia e Eritreia, sem glúten, muito nutritivo e que eu conheci recentemente. Prometo fazer um post mais detalhado sobre ele mais à frente);

Como fez:
Colocou todos os ingredientes num copo de plástico fundo e triturou tudo com a varinha mágica (ele não se entende com a Bimby...), até ficar bem cremoso.


 
 O dia da mãe não podia ter começado da melhor forma:



6 comentários:

  1. As fotos estão maravilhosas! Que dia bem passado. Adorava ter um dia assim, por enquanto a minha horta é só de varanda, mas quem sabe um dia, não terei uma horta a sério. Quando os meus filhos eram pequenos, fiz algumas visitas a quintas de produtos biológicos em que dava inclusivé para colhermos os produtos e trazermos para casa e eram experiências fantásticas! :)

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    1. Que bom que gostou Lígia. Penso que foi um dia que pelo menos a mais velha não esquecerá e a mais nova sempre terá as fotos para "lembrar-se" que esteve lá (e haverá outras experiências de certeza). É tão importante para a saúde futura deles passarmos estas referências, não acha? A minha horta também é muito pequena comparada com esta... Obrigada pelo comentário

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  2. As panquecas ficaram lindas, com os morangos a dar cor! E que giro o passeio à quinta, belo programa para as crianças (eu lembro-me muito bem da Elmira, era a minha personagem favorita do Tiny Toons :-D )

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    1. Obrigada ;) Eu também adorava a Elmira: coitadinha, cheia de boas intenções :)

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