Eu
não sou de comprar livros de culinária. Não tenho nada contra, pelo contrário,
cada vez mais acho-os apelativos e bem pensados para o público em geral.
No entanto, acabo sempre por render-me ao gesto bem mais prático (e económico) de
procurar as receitas na internet ou inspirar-me nas dezenas de blogs fantásticos de culinária, que desfilam orgulhosamente pela internet. No entanto,
devo confessar que ultimamente começo a ter alguma dificuldade em organizar-me,
tantas são as receitas apelativas que encontro por essa via.
Quantas vezes leio os posts com receitas que quero mesmo experimentar e depois
ou esqueço-me totalmente, porque li entretanto outras tantas, ou não me recordo
em que blog é que encontrei a tal receita que me ficou na memória.
E como ando a
substituir muitas das nossas refeições por refeições vegetarianas comecei a
sentir a necessidade de ter um livro que me orientasse nessa tarefa com receitas, ingredientes, informação nutricional, etc.
Hoje partilho
convosco uma receita de bolinhas de nozes, sem glúten, que acompanhei com puré de
batata-doce. Escolhi a batata-doce para acompanhamento porque para além de ser um tubérculo que me
traz muitas recordações de infância, pareceu-me que iria combinar com o sabor mediterrânico
das oleaginosas. Para além disso, a batata-doce tem mais vantagens a nível nutricional do que a
batata normal: contém vitaminas A, C (importantes para o sistema
imunitário), vitamina B com ação sobre o sistema nervoso e mais fibra. É, também,
fonte de betacaroteno e de outros carotenoides, nomeadamente a qualidade que usei nesta receita, que lhe dão a cor laranja do seu
interior. Contém triptofano, percursor da serotonina (um neurotransmissor que regula o nosso humor), potássio e é
rica em vários minerais e polifenóis com ação antioxidante,
anti-inflamatória e anticancerígena. Uso-a muitas vezes nos assados, nas sopas
e ultimamente faço este puré em vez de usar apenas a habitual batata.
Não estou habituada a utilizar frutos secos em pratos salgados, nomeadamente as oleaginosas (como
as nozes, amêndoas e avelãs). Mas como já aqui referi algumas vezes, quero começar a introduzi-las nas nossas refeições, tendo em conta que,
para além de serem uma boa fonte de proteína, também o são de gorduras insaturadas
e poliinsaturadas (sobre estas já falei aqui). Por outro lado, as nozes e
amêndoas são ricas em vitamina E, que também tem uma ação antioxidante, é
necessária para a formação de glóbulos vermelhos e tecido muscular, em potássio
e vitaminas do complexo B. As avelãs, para além da vitamina E são também uma
importante fonte de cálcio.
No livro que
comprei encontrei uma receita à base destes frutos que me pareceu uma boa
ideia. Claro que não resisti em fazer algumas alterações no momento da
confeção, mas o essencial está como a receita original. Uma das alterações que
fiz foi adicionar, para além da salsa, a rama da cenoura como aromática, porque
quando compro as cenouras no mercado biológico trago-as sempre com a rama que aproveito nas sopas, saladas e enquanto erva aromática em diversos
pratos. Embora tenha que ser usada com algum cuidado porque tem um sabor muito
intenso, este ingrediente, que a maioria das pessoas nem tem acesso porque as
cenouras são normalmente vendidas sem a rama, segundo a alimentação macrobiótica
é benéfica para os pulmões. Inclusivamente, fazem a relação com a forma
rendilhada das suas folhas à rede dos nossos brônquios, aspeto que achei
curioso...
A outra alteração que fiz foi substituir o pão ralado (cá em casa, nunca ficam sobras do pão são glúten) por umas tostas de arroz e castanha sem glúten e biológicas, que normalmente compro para os lanches fora de casa das miúdas.
Bolinhas de nozes (16 unidades aprox.)Ingredientes
200g de frutos secos (avelãs, nozes, amêndoas);
2 cenouras cozidas (200g);
2 colheres de azeite;
2 colheres de café de sal
2 colheres de sopa de pão ralado sem glúten (eu triturei 3 tostas biológicas de arroz e castanhas, sem glúten);
2 colheres de pão ralado ou tostas raladas para envolver as bolinhas depois de formadas;
1 cebola;
1 dente de alho;
2 colheres de salsa;
1 colher de garam masala ou cominhos (eu usei garam masala)
rama das cenouras q.b
Como fiz
Comecei por colocar as cenouras a cozer em pouca água, temperada com
sal.
Na Bimby (pode ser numa picadora normal) triturei
as tostas e as oleaginosas nas velocidades 5-7-9 até ficarem reduzidas a pó e
reservei numa taça. Piquei a cebola, o alho e a salsa aproximadamente por 5
segundos na velocidade 5 e juntei às oleaginosas. Piquei também a cenoura com o
azeite, na velocidade 5 (foram necessárias várias tentativas empurrando com a
espátula a cenoura das paredes da máquina para as lâminas), até obter um creme.
Adicionei o creme de cenoura às oleaginosas, temperei com o sal, garam masala e misturei tudo muito bem.
Depois, claro, chamei as ajudantes do costume para formar as bolinhas, que
devem ser depois passadas por pão ralado (neste caso as tostas sem glúten
raladas) e assadas no forno pré-aquecido a 200ºC, durante 15 a 20 minutos.
Receita do livro Cozinha Vegetariana para
quem quer poupar, de Gabriela Oliveira
Puré de batata-doce
Ingredientes
300g de batata-doce;
200g de batata;
200 ml de água;
1 colher de azeite;
sal q.b.
pimenta-preta q.b.
noz-moscada q.b
Como fiz
Na Bimby coloquei as
batatas descascadas, a água (o puré fica com uma consistência mole, se
preferirem uma consistência mais firme reduzam a água), o sal e programei a Bimby
para 20 minutos, à temperatura 100º C, velocidade 1. No final dos 20 minutos,
deitei o azeite, a pimenta, a noz-moscada e triturei por 10 segundos,
velocidade 5, até obter um puré bem cremoso.
Modo tradicional
Numa panela coloque
as batatas descascadas com água e sal até cobri-las. Quando as batatas
estiverem cozidas, escorra a água excedente, tempere com o azeite, a pimenta e a noz-moscada e
reduza tudo a puré utilizando o utensílio ou eletrodoméstico da sua preferência
(varinha mágica, passe vite, batedeira, ou até mesmo o passador manual).
As bolinhas foram um
sucesso e eu fiquei mesmo rendida à utilização das oleaginosas numa receita
salgada. Combinaram muito bem com o puré de batata-doce (a minha filha mais
velha que entende que não gosta de batata-doce pede sempre para repetir quando
faço este puré) e parece-me que com essa combinação consegui tornar a
refeição, além de saborosa e apelativa (aos olhos e à boca), mais nutritiva e
saudável. É sem dúvida uma refeição a repetir. Experimentem!
Tenho umas almôndegas parecidas com estas, mas levam um "cheirinho" de aguardente que lhes dá um toque especial! Mas se calhar para as crianças não é o melhor, embora o álcool evapore no forno... :-D
ResponderEliminarParecem ótimas ;) Vou ter de as procurar no teu blog, então... :)
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